quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

AMIGAS E AMIGAS........

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer! ( Martha Medeiros)

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.

Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma MULHER..

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias! Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

REMEXENDO NA VIDA

Voltando ao passado...
Maria Antônia Canavezi Scarpa

Quando o tempo, resolveu mexer no meu passado
eu pedi que ele não me machucasse,
revelei que já havia adquirido rugas,
vincos na face e um pouco mais pele flácida,
já não tinha tanta destreza em certas situações
ele teria que pegar leve com os meus sentimentos,
fiquei vulnerável, conversamos sobre dores, sobre perdas
esclarecemos, que a fidelidade é importante num mundo a dois
deve ser sólido, ter respeito, já que sempre temi mágoas,
porque não sei perdoar, quem me magoa.
Todas as cartas foram colocadas à mesa
o jogo que iria começar, não poderia ter trapaças.

Estabelecemos que nos respeitaríamos,
levaríamos em consideração todos os detalhes,marcantes,
não poderiam me influenciar e nem me ferir;
As regras foram claras e assinamos um acordo,
que os fatos não poderiam dominar o coração,
sou muito frágil para novas investidas...
O passado pode parecer águas estagnadas,
mas se nos atirarmos nelas poderemos nos contagiar
e se não houver um antídoto imediato,
seremos contaminados e quem sabe poderemos morrer
desse vírus que nos invade letalmente : e se denomina : saudade!


Mas quando tudo estava programado,
eu que há muito permanecia adormecida, fui acordada
para o rompimento desse acordo, sem respeito,
o tempo resolveu alterar tudo,burlando todos os encantos,
vieram os deslizes e a minha razão foi afundando,
aflorando a insensatez, que mantive até então aprisionada,
mexeu no meu castelo de areia, empurrou-o com os dedos
até que todas as paredes desmoronaram